A
RAPARIGA DA MALA (1961)
Existe
uma meia dúzia de génios na história do cinema italiano (Felllini, De Sica,
Visconti, Rossellini, Antonioni, Pasolini, Bertolucci…), que ofusca muitos
outros cineastas com imenso talento mas não tão bem reconhecidos
internacionalmente. Um entre muitos outros, é Valério Zurlini, um homem nascido
em Bolonha, em 1926, e falecido em Verona, em 1982, e que deixou uma obra
extremamente valiosa e muito solitária no interior da filmografia transalpina.
Estudou Direito, passou pelo teatro, entrou no cinema pela porta do
documentarismo e, em 1954, estreia-se na longa-metragem com a adaptação de um
romance de Vasco Pratolini, “Le Ragazze di San Frediano” (As Raparigas de San
Frediano), que é relativamente bem acolhido. Mas será com as duas obras
seguintes, ambas interpretadas por Claudia Cardinale, que entrará na História,
“Estate Violenta” (Verão Violento, 1959), e sobretudo “La Ragazza con la
Valigia” (A Rapariga da Mala, 1961).
Pode
falar-se de alguma influência do neo-realismo, mas Zurlini tem uma voz muito
pessoal e um posicionamento diverso. A sua curta filmografia prossegue com
outra adaptação de Pratolini, “Cronaca Familiare” (Dois Irmãos, Dois Destinos,
1962) a que se seguem títulos com recepção de público e crítica muito diversa,
“Le Soldatesse” (1965), “Seduto alla sua Destra” (1968), “La Prima Notte di
Quiete” (Outono Escaldante, 1972), culminando com “Il Deserto dei Tartari”
(1976), uma versão muito aplaudida do romance de Dino Buzzati. Zurlini morre
cedo, vítima de uma hemorragia gástrica, a sua obra nunca foi devidamente
avaliada, apesar de muito amada por alguns, poucos, que lhe reconhecem a importância
e o significado na renovação da cinematografia italiana. “A Rapariga da Mala” é
um bom exemplo do seu talento, da sua sensibilidade, do seu olhar muito
particular perante a realidade social do seu país, mas igualmente sobre as
emoções e os sentimentos das suas personagens. Zurlini é um homem discreto,
subtil, que desenha grandes paixões e grandes desesperos com a delicadeza
necessária e o pudor que se impõe.
“A
Rapariga da Mala” fala de Aida Zepponi (Claudia Cardinale), que chega a Parma
no carro de Marcello Fainardi (Corrado Pani) e que é abandonada por este. Fica
numa estação de comboios, só, com uma mala e o desespero de se saber traída.
Procura reencontrar o playboy que a deixou, vai ter a sua casa, um belo
palacete onde se encontra Lorenzo Fainardi (Jacques Perrin), o irmão mais novo
de Marcello, que percebe toda a extensão da perfídia deste e procura ajudar a “rapariga da mala” a
descobrir uma solução. Mas a cada vez que se encontram, Lorenzo mais e mais se
apaixona por Aida. Ele é ainda um adolescente, despertando para a vida, mas o
amor invade-o e o ciúme instala-se quando vê Aida a ser galanteada e a dançar
com outros.
Há neste filme da descoberta do amor uma cena absolutamente de
antologia. Lorenzo leva Aida para sua casa, que nesse dia se encontra sem
ninguém, e ela vai tomar um banho no andar de cima, enquanto o jovem coloca a
tocar uma ária da ópera “Aida”. Quando a belíssima Claudia Cardinale desce a
escadaria, envolta num roupão banco, ao som da música de Verdi, os olhos de
Lorenzo brilham de encantamento e também todos os do público que assiste a esta
cena inesquecível. Mas há mais. Por exemplo: Lorenzo, assistindo à sedução de
Aida por um grupo de desconhecidos que a cortejam, à noite, junto à piscina do
hotel, é outro momento magnífico de cinema, num filme que todo ele se impõe
como uma lição na arte de exprimir por imagens emoções sem nunca cair na
facilidade ou no sentimentalismo gratuito.
Para lá
da qualidade sensível da realização de Zurlini, há ainda que referir a
fotografia a preto e branco de Tino Santoni que, quer em exteriores como em
interiores, consegue sempre apoiar as intenções dramáticas da obra, sem as
tornar demasiado ostensivas, e ainda a excelente interpretação de Claudia
Cardinale e Jacques Perrin, sobretudo estes dois, mas todo o elenco é perfeito.
Cardinale terá uma das suas interpretações inesquecíveis, no apogeu da sua
beleza e no início de uma retumbante carreira, e Jacques Perrin, que lançava já
os alicerces de um percurso invulgar que o levaria a produtor de obras de
autores importantes, e a papéis como o de “Cinema Paraíso”. Deve ainda
sublinhar-se a banda sonora de “A Rapariga da Mala”, que oferece uma panorâmica
invulgar de sucessos musicais desse período. A partitura original é de Mario
Nascimbene, acompanhado por Bruno Nicolai e Mario Gangi, mas dispersos pela
intriga, funcionando como comentário subtil, além do Verdi já citado, temos
Peppino Di Capri, Dimitri Tiomkin, Fausto Papetti, Mina, Adriano Celentano,
Umberto Bindi, Nico Fidenco, Chuck-Locatelli, não esquecendo a famosa
“Tintarella di luna”.
A
RAPARIGA DA MALA
Título original: La Ragazza con
la Valigia
Realização: Valerio Zurlini (Itália,
França, 1961); Argumento: Leonardo
Benvenuti, Piero De Bernardi, Enrico Medioli, Giuseppe Patroni Griffi, Valerio
Zurlini; Produção: Charles Delac, Maurizio Lodi-Fè; Música: várias Mario
Nascimbene supervisor; Fotografia (p/b): Tino Santoni; Montagem: Mario
Serandrei; Design de produção: Flavio Mogherini; Guarda-roupa: Gaia Romanini;
Maquilhagem: Giovanni Ranieri, Vasco Reggiani; Assistentes de realização: Mario
Maffei, Piero Schivazappa; Som: Enzo Silvestri; Companhias de produção:
Titanus, Société Générale de Cinématographie (S.G.C.); Intérpretes: Claudia Cardinale (Aida Zepponi), Jacques Perrin
(Lorenzo Fainardi), Luciana Angiolillo (Tia de Lorenzo), Renato Baldini
(Francia), Riccardo Garrone (Romolo), Elsa Albani (Lucia), Corrado Pani
(Marcello Fainardi), Gian Maria Volonté (Piero Benotti), Romolo Valli (Don
Pietro Introna), Enzo Garinei (Pino), Ciccio Barbi (Crosia), Nadia Bianchi
(Nuccia), Angela Portaluri, Edda Soligo (professora), etc. Duração: 121
minutos; Distribuição em Portugal: Costa do Castelo Filmes; Cópia DVD: Versatil
Home Vídeo, Brasil; Classificação etária: M/ 12 anos.
CLAUDIA CARDINALE (1938 - )
É uma
das mulheres mais bonitas da História do Cinema e tem uma característica
invulgar: tanto é credível como uma sofisticada aristocrata, como uma camponesa
da província ou uma burguesa da cidade. Não é só a beleza que a identifica, mas
também uma forte personalidade e um talento imenso. Claude Josephine Rose
Cardinale nasceu a 15 de Abril de 1938, em Túnis, na Tunísia, contando agora 77 anos. Os pais eram
sicilianos, ela estudou no liceu Cambon, e ganhou um concurso de beleza, que a
considerava “a mais bela italiana de Túnis”. A língua familiar era o dialecto
siciliano, e a língua aprendida na escola o francês. O italiano só o começou a
dominar muito mais tarde. Nos seus primeiros filmes, era dobrada. Os primeiros
contactos com o cinema, em 1955, resultam dessa eleição, que a leva ao Festival
de Veneza, onde se faz desde logo notar. Mas Claudia queria ser professora,
recusa propostas e apenas aceita interpretar uma curta-metragem, “Anneaux
d'or”, de René Vautier. Só em 1958 se estreia na longa-metragem, em “Goha”, de
Jacques Baratier, mas é sobretudo em “Gangsters Falhados”, de Mario Monicelli,
que ela se afirma plenamente. Franco Cristaldi é o produtor, que será, a partir
de 1966 até 1975, o primeiro marido de Cardinale. Os anos 60 são de triunfo
constante, trabalhando sob as ordens de alguns dos mais importantes cineastas,
como Luchino Visconti, Valerio Zurlini, Mauro Bolognini, Abel Gance, Henri
Verneuil, Philippe de Broca, Luigi Comencini, Federico Fellini, Blake Edwards,
Henry Hathaway, ou Sergio Leone. Até 1963, em “Fellini 8 ½”, Claudia Cardinale
era dobrada. Em “O Leopardo” foi dobrada por Solveyg D’Assunta, mas falou
francês nas cenas com Alain Delon, e inglês quando contracenava com Burt
Lancaster. Nos anos 60 e 70 atingiu o estrelato internacional, em obras de
Visconti, “Rocco e os Seus Irmãos” ou “O Leopardo”, ao lado de Jean-Paul
Belmondo, em “Cartouche”, no já referido
“8 ½” ou em “O Mundo do Circo”, de Henry Hathaway, ou “Era uma vez no Oeste”,
de Sergio Leone. Cuidando particularmente bem da sua carreira, quase só
trabalhou a partir daí com grandes cineastas, como Marco Ferreri, Luigi
Comencini, Franco Zeffirelli, Marco Bellocchio, Luchino Visconti (para
quem interpretou quatro filmes), Jerzy
Skolimowski, Mikhaïl Kalatozov, George P. Cosmatos, Alan Bridges, Werner
Herzog, Christian-Jaque, José Giovanni, Michel Lang, Nadine Trintignant, Diane
Kurys ou Robert Enrico, e muitas vezes para o seu segundo marido, o produtor e
realizador Pasquale Squitieri (1975 até
ao presente). A partir dos anos 90 a sua participação no cinema é espaçada, mas
intensifica a televisão, ao teatro e à escrita. Nos anos 2000, em Paris,
interpreta, “La Vénitienne”, de um anónimo do século XVI (2000), e “Sweet Bird
of Youth” de Tennessee Williams (2005). De espírito liberal, empenhada
politicamente, defendendo causas humanitárias, foi Embaixadora de Boa Vontade
da UNESCO, em 1999. Escreveu uma autobiografia, lançada em 2005, “Mes étoiles”
(Ed.Michel Lafon) e, em 2009, um livro de fotografias, “Ma Tunisie” (Ed. Timée). Uma das suas
últimas interpretações no cinema foi em 2012, “O Gebo e a Sombra”, de Manoel de
Oliveira. A 20 de Maio de 2015, espalhou-se a notícia de que Claudia Cardinale
teria falecido. Mais uma daquelas brincadeiras de mau gosto que só tem um lado
positivo: o desmentido. Felizmente, Claudia Cardinale, uma das mais belas e
talentosas actrizes do cinema, está viva.
Filmografia:
Como actriz: 1955: Anneaux de Or, de René
Vautier (curta-metragem); 1958: Goha le simple, de Jacques Baratier; 1958: Tre
straniere a Roma, de Claudio Gora; I soliti ignoti (Gangsters Falhados),de
Mario Monicelli; 1959: Vento del Sud, de Enzo Provenzale; Un maledetto
imbróglio (A 3 ª Chave), de Pietro Germi; Il magistrato (Todos foram culpados),
de Luigi Zampa; Audace colpo dei soliti ignoti (Golpe Audacioso), de Nanni Loy;
La prima notte (Amor e Vigarice), de Alberto Cavalcanti; Upstairs and Downstairs (Escada Acima, Escada
Abaixo), de Ralph Thomas; 1960: La Ragazza con la valigia (A Rapariga da Mala),
de Valerio Zurlini; I Delfini, de Francesco Maselli; Rocco e i suoi fratelli (Rocco e os Seus
Irmãos), de Luchino Visconti; Le Bel Antonio (O Belo António), de Mauro
Bolognini; Austerlitz (Austerlitz), de Abel Gance; 1961: La Viaccia (A
Herança), de Mauro Bolognini; Les Lions sont Lâchés, de Henri Verneuil;
Auguste, de Pierre Chevalier; 1962: Cartouche (Cartouche), de Philippe de
Broca; Senilità (Beleza Perversa), de Mauro Bolognini; 1963: La ragazza di Bube
(A Rapariga de Bube), de Luigi Comencini; 1963: Otto e mezzo (Fellini Oito e Meio),
de Federico Fellini; 1963: Il Gattopardo (O Leopardo), de Luchino Visconti;
1963: The Pink Panther (A Pantera Cor-de-Rosa), de Blake Edwards; 1964: Il
Magnifico Cornuto (A eterna dúvida), de Antonio Pietrangeli; Gli indifferenti
(Os Indiferentes), de Francesco Maselli; Circus World (O Mundo do Circo), de
Henry Hathaway; 1965: Vaghe stelle dell'Orsa (Estrelas Vagas de Ursa Sandra),
de Luchino Visconti; Blindflod (Com os Olhos Vendados), de Philip Dunne; 1966:
Le Fate (As Feiticeiras), (epidódio "Fata Armenia"), de Mauro
Bolognini; Lost Command (Os Centuriões), de Mark Robson; The Professionals (Os
Profissionais), de Richard Brooks; 1967: Don't Make Waves (Não Faças Ondas), de
Alexander Mackendrick; Una Rosa per tutti (Uma rosa para todos), de Francesco
Rosi; 1968: La Amante Estelar, de Antonio de Lara (curta-metragem); Il giorno
della civetta (O Dia da Vergonha), de
Damiano Damiani; The Hell With Heroes (Vidas Perigosas) de Joseph Sargent;
C'era una volta il West (Aconteceu no Oeste), de Sergio Leone; Ruba al prossimo
tuo (Que rico par!), de Francesco Maselli; 1969: Nell'anno del Signore, de
Luigi Magni; Krasnaya palatka (A Grande Odisseia), de Mikhaïl Kalatozov; Certo,
certissimo anzi probabile (Certo, Certíssimo, ou... Talvez Não), de Marcello
Fondato; 1970: The Adventures of Gerard (Aventuras de Gerard), de Jerzy Skolimowski; 1971: L'Udienza (A
Audiência) de Marco Ferreri; Bello, onesto, emigrato Australia sposerebbe
compaesana illibata (Casamento por Procuração),
de Luigi Zampa; Popsy Pop, de Jean Herman; Les Pétroleuses (As Rainhas
do Petróleo), de Christian-Jaque; 1972: La Scoumoune (O Bandido
Bem-Amado), de José Giovanni; 1973:
Libera, amore mio... (Libera, Meu Amor...),
de Mauro Bolognini; I guappi, de Pasquale Squitieri; Il giorno del
furore, de Antonio Calenda; 1974: Gruppo di famiglia in un interno (Violência e
Paixão), de Luchino Visconti; 1975: A mezzanotte va la ronda del piacere
(Meia-Noite de Prazer), de Marcello Fondato; 1976: La lozana andaluza, de
Vicente Escrivá; Il Comune senso del pudore (O Discreto Sentido do Pudor), de
Alberto Sordi; 1977: Qui comincie l'avventura (Aqui Começa a Aventura), de
Carlo Di Palma; Il prefetto di ferro (O Governador de Ferro), de Pasquale
Squitieri; Jesus de Nazaré (TV); Corleone (O Último Padrinho), de Pasquale
Squitieri; 1978: Goodbye & Amen (O Homem da CIA), de Damiano Damiani; 1978:
L'arma (A Arma), de Pasquale Squitieri; La Part du feu, de Étienne Périer;
Escape to Athena (Fuga para Atenas), de George P. Cosmatos; 1979: Little Girl
in Blue Velvet (A Rapariga do Vestido Azul), de Alan Bridges; 1980: Si salvi
chi vuole, de Roberto Faenza; 1981: The Salamander (O Esquadrão Salamandra), de
Peter Zinner: Elena Leporello; La pelle (A Pele) de Liliana Cavani; 1982:
Fitzcarraldo (Fitzcarraldo), de Werner Herzog; 1982: Le Cadeau (O Presente), de
Michel Lang; 1983: Le Ruffian (Os Grandes Aventureiros), de José Giovanni;
Princess Daisy, de Marco Bellocchio(TV); 1984: Claretta, de Pasquale Squitieri; 1984: Enrico IV (Henrique IV), de Marco
Bellocchio; 1985: La donna delle meraviglie, de Alberto Bevilacqua; L'Été
prochain, de Nadine Trintignant; 1986:
Naso di cane (TV); La storia (A História), de Luigi Comencini (TV);
1987: Un uomo innamorato (Homem Apaixonado), de Diane Kurys; 1989: La
Révolution française de Robert Enrico e Richard T. Heffron (episódio "Les
Années Lumière"); Hiver 54, l'abbé Pierre, de Denis Amar; Atto di dolore,
de Pasquale Squitieri; Blu elettrico, de
Elfriede Gaeng (TV); 1990: La batalla de los tres reyes, de Souheil Ben-Barka e
Uchkun Nazarov; 1991: Mayrig, de Henri Verneuil; 588, rue Paradis, de Henri
Verneuil; 1993: Flash - Der Fotoreporter - Das Zweite Gesicht der Aida; 1993:
Son of the Pink Panther (O Filho da Pantera Cor-de-Rosa) de Blake Edward;
Mayrig (TV); 1994: Elles ne pensent qu'à ça..., de Charlotte Dubreuil; 1995:
10-07: L'affaire Zeus (TV); 1996: Un été à La Goulette, de Férid Boughedir;
Nostromo (TV); 1997: Sous les pieds des femmes, de Rachida Krim; Riches,
belles, etc., de Bunny Godillot (ou Bunny Schpoliansky, ou Harmel Sbraire); Il
deserto di fuoco (TV); 1998: Mia, Liebe meines Lebens (TV); 1999: Un café...
l'addition, de Félicie Dutertre e François Rabes (curta-metragem; 1999: Li
chiamarono... briganti!, de Pasquale Squitieri; 2000: Élisabeth - Ils sont tous
nos enfants (TV); 2001: And now... Ladies and Gentlemen (Amantes Sem Passado),
de Claude Lelouch; 2005: Le Démon de midi, de Marie-Pascale Osterrieth; 2007:
Cherche fiancé tous frais payés de Aline Issermann; 2008: Hold-up à
l'italienne, de Claude-Michel Rome (TV); 2009: Le Fils (O Meu Filho), de Mehdi
Ben Attia; 2010: Un balcon sur la mer (Uma Vista Para o Mar), de Nicole Garcia;
Sinyora Enrica ile Italyan Olmak, de Ali Ilhan; Il giorno della Shoah (TV);
2011: Joy de V., de Nadia Szold; 2012: O Gebo e a Sombra de Manoel de Oliveira;
El artista y la Modelo, de Fernando Trueba; 2013: Effie Gray, de Richard
Laxton; 2014: The Silent Mountain de Ernst Gossner; Ultima Fermata, de Giambattista Assanti; Les Francis, de Fabrice Begotti; 2015:
Piccolina bella, de Anna Scaglione; All Roads Lead to Rome, de Ella Lemhagen;
Twice Upon a Time in the West, de Boris Despodov.
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