O PORTEIRO DA NOITE (1973)
“O Porteiro da Noite”, da bastante irregular cineasta italiana Liliana Cavani, é, no
mínimo, um projecto provocador, inquietante, resvalando por entre ambientes
sórdidos, recordações malsãs, ambiguidades amorosas e equívocas personagens.
Este é, todavia, estilisticamente, um dos seus filmes mais conseguidos, não
tanto pela cuidada e eficaz “mise-en-scène” que tenta reconstituir, de forma
naturalista, um tempo histórico, mas sim pela sua “representação” algo
estilizada, jogando mais com a memória de um tempo do que com a recuperação
histórica.
Áustria,
1957, assim começa. Num pequeno hotel de Viena, Maximilian Theo Aldorfer (Dirk
Bogarde) é o porteiro da noite. Durante a II Guerra Mundial fora oficial da
polícia nazi, e tinha como passatempo preferido registar em filme os milhares
de presos que chegavam diariamente a campos de concentração, como o de Dachau. Filmava
a humilhação, o desespero, a nudez, a fragilidade dos corpos e dos rostos, as
lágrimas e a raiva, a angústia e o progressivo desalento, a entrega a um
destino de dor. Estas sequências relembram obviamente “Peeping Tom”, de Michael
Powell, uma obra de 1960, que analisa o comportamento conturbado de um “serial
killer” que filmava os últimos momentos de horror das suas vítimas prestes a
morrer. Curiosamente, o argumento partia de uma obra escrita por um criptógrafo
que trabalhou durante a II Guerra Mundial, Leo Marks. Não será, pois, por acaso
que se podem cruzar influências, elas são visíveis e declaradas.
De
entre os milhares de rostos que Max registou, ele isolou o de uma mulher ainda
jovem, Lucia Atherton (Charlotte Rampling). Isolou-a na câmara, isolou-a para
seu prazer, manipulou-a como quis, serviu-se dela, acorrentou-a, violou-a,
protegeu-a, levou-a a festas de nazis, onde Lucia aceitou o papel de nazi,
progressivamente apaixonou-se por essa mulher, sua escrava. A guerra acabou,
dez anos depois Lucia é mulher de um maestro de orquestra americano, que vem a
Viena dirigir “A Flauta Mágica”. O casal instala-se no pequeno “Hotel da Ópera”
e Lucia e Max cruzam olhares surpresos quando ela vai buscar a chave do quarto
e ele lha entrega. O filme começa aí, no presente, os tempos do campo de
concentração são flashbacks que um e outro recordam. As memórias são obviamente
de dor, mas igualmente de prazer. Da parte de um e outro. Lucia percebe-se que
retirara prazer desse tempo de cativeiro, de tortura, de escravidão. Max também
apreciara esses dias de prazer violentamente roubado, de criminosos orgasmos
retirados a uma vítima indefesa que, todavia, também gozava com os mesmos. Em
1973 um tal tema era não só escandaloso, como politicamente muito incorrecto.
Numa
entrevista concedida aquando da estreia da obra, a cineasta explicou como lhe
surgiu a ideia de rodar “O Porteiro da Noite”: enquanto recolhia material
para uma película anterior (“La Donna Nella Resistenza”), descobriu dois casos
curiosos que aprofundou: o de uma mulher casada que passava todos os anos
duas semanas de férias em Dachau, sem saber analisar ao certo o que motivava
esse regresso ao campo onde estivera internada; o de uma velha prisioneira de
Auschwitz que, quando saiu em liberdade, rompera todos os laços familiares,
para assumir uma vida solitária e miserável. A única resposta que dera para
esta atitude foi não poder perdoar aos nazis terem-lhe feito descobrir as duas
faces da natureza humana. E acrescentara: “Não pense que as vítimas são sempre
inocentes”.
Sobre
estes dados, Cavani concluía: “Todos temos dentro de nós algum pequeno grão do nazismo. Bem escondido. Se um governo abre as
portas a essa parte obscura, se lhe dá direitos de cidadania, se a legaliza, se
a monopoliza, se a utiliza... então todos os crimes se tornam possíveis. Cada
um assume o seu papel: de carrasco ou de vítima. Porque o regime nazi não é
obra de um milhar de loucos ou de monstros. Não é resultado de um golpe de
estado. Impôs-se lentamente através de um homem com quem as pessoas se foram
pouco a pouco identificando, porque se reconheceram nele. Lucia tem as mesmas
razões para regressar ao seu carrasco que a mulher de Dachau para aí voltar.
Porque é aí que ela se sente viva. Se reconhece. A sua natureza revelou-se durante
a guerra.”
Que
o fascismo e o nazismo não se impuseram e sobreviveram sem o silêncio cúmplice
ou mesmo a complacência de muitos, eis uma verdade dificilmente controversa. O
nazismo não foi só os SS, os generais, o exército, Hitler e os seus ministros.
O nazismo vingou sobretudo quando se conseguiu instalar bem no espírito dos
alemães, no seu inconsciente colectivo, como um estado de espírito, quer
através de uma máquina de propaganda bem montada, quer pelas condições
favoráveis que foi encontrar nesse campo de incubação que era a sociedade alemã
da época. Se o alemão anónimo não se sentisse bem com o seu sonho imperialista,
o nazismo nunca teria sobrevivido. Sobreviveu, pois, com a cumplicidade de
muitos, que aceitaram a monstruosidade, ou que aceitaram sofrer o seu papel de
vítimas. Que sofreram resignados (ou excitados até) esse papel.
Aqui
entramos, no entanto, abertamente na temática proposta por Cavani em “O
Porteiro da Noite”, e não se pode dizer que o façamos de ânimo leve. Impõe-se a
meditação: se em Dachau houve uma Lucia (ou várias) que se “descobriram”
enquanto vítimas predestinadas, nesses dias de terror, milhares de outras
vítimas não tiveram sequer a oportunidade de descobrir o que quer que fosse,
senão a morte e o fatídico odor das câmaras de gás. Outros ainda, aos milhões,
descobriram-se, isso sim, humilhados, ofendidos, violentados e torturados, sem
que vislumbrassem prazer onde quer que fosse. Apenas dor. Cavani dirá que sobre
esses milhares já se fizeram muitos filmes. É possível, tem razão, mas não
todos os necessários, nem os suficientes para que este “O Porteiro da Noite”
tenha surgido sem provocar um certo mal-estar nesses idos de 1973.
Houve
quem, de uma forma algo simplista, dissesse que “O Porteiro da Noite” era uma
história de amor entre um sádico e uma masoquista, tendo Dachau por cenário e
recordação. Sadomasoquismo, relação de domínio e humilhação. Reduzir, porém, o
nazismo a uma abstracção freudiana pode ser perigoso, esquecendo todas as
outras intervenientes de índole económica, política ou social que aqui surgem
relegadas para um plano demasiado subalterno.
O
filme de Cavani que tem, todavia, qualidades evidentes, sendo difícil
permanecer indiferente ao clima de pesadelo que ela consegue transmitir,
procura ir um pouco mais longe, e creio que com algumas décadas passadas sobre
a sua estreia, poderá ser melhor analisado. O que está em causa é afinal uma
história de amor, desviante, que encontrou no ambiente de um campo de
concentração o húmus necessário para germinar e que, anos depois, se reproduziu
num outro ambiente, é certo, mas sob as mesmas condições “climáticas”. Max e
Lucia são apenas um casal onde o desejo e o amor crescem num clima a que hoje
se poderá chamar de “bondage”, uma variante do sadomasoquismo, um tipo de fétiche,
cuja fonte de prazer deriva de práticas que comportam a dominação, a submissão,
a imobilização de parceiros, o consentimento em vários tipos de tortura, física
ou psicológica, envolvendo ou não a prática de sexo com penetração.
É
obvio que não é só isso que “Il Portiere di Notte” assume como história. Há
algo mais, e bem definido. Max é porteiro num hotel onde se refugiam vários
nazis que procuram passar despercebidos das autoridades, que tentam recolher
testemunhos favoráveis, que procuram fazer desaparecer documentação e ficheiros
comprometedores. Há mesmo uma condessa solitária a quem Max serve gigolôs para
repastos sexuais, em noites de insónia. Há conspiração, reuniões, ajustes de
contas, assassinatos, mas o que torna curioso o filme é que, a determinada
altura, o que mais escandaliza naquela sociedade de criminosos foragidos é a
existência de um amor, mórbido é certo, mas um amor que, como todos os amores,
se torna perigoso e põe em risco a sobrevivência do grupo. Por isso este “amor
louco” se torna proscrito, e tem de ser anulado. Neste aspecto, de carrasco e
vítima Max e Lucia passam ambos a perseguidos e vítimas de um mundo de
pós-guerra, onde se continua a não poder acreditar em ninguém, nem em nada. Num
mundo que procura anular a turbulência, alterar apenas alguma coisa para que
tudo permaneça incólume, o amor transgressor é uma ameaça.
De
resto, a obra cria um clima opressor doentio, com algumas sequências
extremamente bem logradas, como é o caso da representação de “A Flauta Mágica”,
ou do “travesti” de Lúcia, vestida de SS. Excelente é ainda a representação de
Dirk Bogarde, bem acompanhado por Philippe Leroy e Gabriel Ferzetti. Impossível
é esquecer a presença inquietante de Charlotte Rampling, no papel que mais a
catapultou para a fama e mais vincadamente terá marcado a sua carreira. Entre a
inocência e a perversidade, Rampling impõe uma personagem que permanece para
sempre na recordação de todos e obviamente nas páginas da História do Cinema
Mundial.
O PORTEIRO DA NOITE
Título original: Il Portiere di Notte ou The Night Porter
Realização: Liliana Cavani (Itália, 1974);
Argumento: Barbara Alberti, Liliana Cavani, Italo Moscati, Amedeo Pagani,
Barbara Alberti, Liliana Cavani; Produção: Ea De Simone, Robert Gordon Edwards;
Música: Daniele Paris; Fotografia (cor): Alfio Contini: Montagem: Franco
Arcalli; Direcção artística: Nedo Azzini, Jean Marie Simon; Decoração: Osvaldo
Desideri; Guarda-roupa: Piero Tosi; Maquilhagem: Iole Cecchini, Iole Cecchini,
Cesare Paciotti, Euclide Santoli ; Direcção de produção: Umberto Sambuco;
Assistentes de Realização: Franco Cirino, Johann Freisinger, Paola Tallarigo,
Mario Garriba; Departamento de arte: Maria-Teresa Barbasso; Som: Fausto
Ancillai, Eugenio Rondani, Decio Trani; Companhias de produção: Ital-Noleggio
Cinematografico, Lotar Film Productions; Intérpretes:
Dirk Bogarde (Maximilian Theo Aldorfer), Charlotte
Rampling (Lucia Atherton), Philippe Leroy (Klaus), Gabriele Ferzetti
(Hans), Giuseppe Addobbati (Stumm), Isa Miranda (Condessa Stein), Nino Bignamini
(Adolph), Marino Masé Amedeo Amodio,
Piero Vida, Geoffrey Copleston, Manfred Freyberger, Ugo Cardea, Hilda Gunther,
Nora Ricci, Piero Mazzinghi, Kai-Siegfried Seefeld, Luigi Antonio Guerra, Crlo
Mangano, Claudio Steiner, etc. Duração:
118 minutos; Distribuição em Portugal: Monroe Stahr (DVD); Classificação etária
(estreia no cinema): M/ 18 anos; DVD: M/ 18 anos; Data de estreia em Portugal:
16 de Setembro de 1976.
CHARLOTTE RAMPLING (1946 - )
Charlotte
Rampling, como actriz, deu corpo a algumas das representações mais secretas,
intimistas e perturbantes da figura da mulher, durante a segunda metade do
século XX e a primeira década do seguinte. “Dar corpo” é uma boa síntese para o
seu trabalho de actriz, pois Charlotte Rampling, para lá da expressividade da
voz, da originalidade do seu talento e de uns olhos verdes misteriosos e
sensuais, é uma intérprete para quem o corpo é um instrumento de ofício não
negligenciável, não por maus motivos, não pelo oportunismo do seu aproveitamento,
mas por muito boas razões: Charlotte Rampling faz do seu corpo matéria
interpretativa, que acompanha a subtileza da voz e a voluptuosidade da emoção.
Nasceu
a 5 de Fevereiro de 1946, em Sturmer, Inglaterra, filha de um coronel que
chegou a comandante da NATO e era igualmente artista plástico de certos
recursos, além de atleta olímpico, vencedor da medalha de ouro, em Berlim 1936,
integrando a estafeta 4x400 metros. Em virtude da vida profissional do pai,
Charlotte permaneceu longas temporadas em França, onde estudou na Academia
“Jeanne d'Arc pour Jeunes Filles”, em Versalhes. De regresso a Inglaterra,
passou pela escola de St. Hilda's, em Bushey. Iniciou a carreira como modelo,
antes de se estrear, num papel insignificante, num filme de Richard Lester “The
Knack...and How to Get It” (1965). Foi, todavia, no ano seguinte que, ao lado
de Lynn Redgrave, se tornou notada como protagonista de “Georgy Girl” (1966),
de Sílvio Narizzano, integrando-se de certa forma no movimento de um cinema que
se queria retrato da realidade social inglesa e que ficou conhecido por “free
cinema”. Em 1969, pela mão de Luchino Visconti, enfrenta o seu primeiro grande
desafio, no papel de Elisabeth Thallman, em “Os Malditos” (La Caduta Degli
Dei).
A
sua carreira ganha fôlego internacional, intercalando trabalhos em Inglaterra,
EUA, França e Itália. Em “Vanishing Point”, de Richard Sarafian (1971), é uma
inesquecível rapariga que pede boleia na estrada. Assume-se como incestuosa em
“Addio, Fratelo Crudelle”, de Guiseppe Patron Griffi, segundo peça teatral de
John Ford (1971), e é Ana Bolena, em “Henry VIII and His Six Wives”, de Waris
Hussein (1972). Roda, ao lado de Sean Connery, a ficção científica “Zardoz”, de
John Boorman (1973), e, em 1974, é Lúcia
Atherton, em “O Porteiro da Noite” (Il Portiere di Notte), de Liliana
Cavani, talvez o seu papel mais marcante. Charlotte Rampling torna-se uma
actriz inabitual, expondo sem falsos pudores a nudez do seu corpo, mas sempre
ao serviço de uma história que o justifica, tornando-se igualmente a actriz
certa para papéis de inconfessáveis paixões. Ela era, de certa maneira, a
imagem de uma perversão controlada, por vezes fria e dominadora, outras
impulsiva e arrebatadora.
Segue-se,
em 1975, a “remake” de “Farewell, My Lovely”, contracenando com Robert Mitchum
num policial assinado por Dick Richard, partindo de um romance de Raymond
Chandler. A nova versão não é tão boa quanto o original, de 1944, assinado por
Edward Dmytryk, mas o trabalho dos actores compensa. “La Chair de l'Orchidée”, de
Patrice Chéreau, do mesmo ano, oferece-nos outro magnífico retrato de mulher,
uma rica herdeira, mantida encerrada pelo marido numa instituição psiquiátrica
para assim poder manejar livremente a sua fortuna. É outro grande romance
“negro”, desta feita assinado por James Hadley Chase, que ganha no grande ecrã
um novo fôlego. Ainda por esta altura, no ponto mais alto da sua carreira de
vedeta internacional, roda, sob as ordens do mexicano Arturo Ripstein,
“Foxtrot”, contracenando com Max von Sydow e Peter O’Toole, e do
norte-americano Woody Allen, “Recordações” (Stardust Memories).
Outro
momento importante da sua carreira passa-o sob a direcção de Sidney Lumet, em
“The Verdict” (1982), ao lado de Paul Newman, um drama passado entre advogados
e barras de tribunais. Depois suporta com brio nova provocação no filme do
japonês Nagisa Oshima, “Max, My Love” (1986), onde “aceita” apaixonar-se por um
chimpanzé, e em França aparece num “thriller” de mistério e violência, “On Ne
Meurt Que Deux Fois”, de Jacques Deary, voltando de novo aos EUA para trabalhar
sob a orientação de Alan Parker, em “Angel Heart” (1987), onde se misturam
práticas de “voodoo” e ambientes de crime. No final dos anos 80, e durante toda
a década de 90, continua no clima do filme policial, por exemplo, em “Paris by
Night”, de David Hare (1989) e “Invasion of Privacy”, de Anthony Hickox (1996),
e na comédia, casos de “Time is Money”, de Paolo Barzman (1994) ou “Asphalt
Tango”, de Nae Caranfil (1997). Mas são os papéis mais conturbados que melhor
se encaixam na sua personalidade, como é o caso da inquietante tia Maude, em
“The Wings of the Dove”, de Iain Softley, segundo obra de Henry James, onde
aparece ao lado de Helena Bonham Carter (1997).
Volta
a Anton Tchekov com “The Cherry Orchard”, de Mihalis Kakogiannis (1999), e
inicia o novo século com um dos seus melhores trabalhos, “Sous le Sable”, de
François Ozon (2000), com quem volta a trabalhar anos depois, em ”Swimming
Pool”, num papel que a fará ganhar o prémio de melhor actriz do cinema europeu,
atribuído pela European Film Academy, em 2003.
Na
última década tem alternado pequenos e grandes papéis onde tem gravado sempre
algo da sua personalidade, muito embora a sua carreira tenha oscilado entre
obras essenciais e películas de puro entretenimento e vulgar comércio.
Destaquem-se “The Statement”, de Norman Jewison (2003), “Immortel Ad Vitam”, de
Enki Bilal (2004), “Le Chiavi di Casa”, de Gianni Amelio (2004), “Lemming”, de
Dominik Moll (2005) “Vers le Sud”, de Laurent Cantet (2005), “Basic Instinct 2”,
de Michael Caton-Jones (2006), “Angel”, de François Ozon (2007), ou, mais
recentemente, “Desaccord Parfait”, de Antoine de Caunes, “Caotica Ana”, de
Julio Medem, “Babylon A.D.”, de Mathieu Kassovitz, “The Duchess”, de Saul Dibb
(todos de 2008).
Encontra-se
actualmente a rodar, ou a ultimar, vários projectos, entre os quais “The Eye of
the Storm”, de Fred Schepisi, “Melancholia”, de Lars von Trier. Outros títulos
onde está prevista a sua colaboração: “Kill Drug”, “Angel Makers”, “Cleanskin”,
“Never Let Me Go”, “Rio Sex Comedy” ou “The Mill and the Cross”. Uma actividade
transbordante. Apesar desta carreira ininterrupta no cinema, Charlotte Rampling
ainda encontra tempo para outras aparições, nomeadamente no teatro e na canção,
um velho sonho que lhe vem da adolescência, quando ela e a irmã Sarah cantavam
em dueto em cabarets, até ao dia em que o velho coronel, seu pai, as proibiu de
actuarem. Mas, muitas décadas depois, em 2002, Charlotte cumpre o sonho e lança
um CD, "Comme Une Femme", com Michel Rivgauche e Jean-Pierre Stora,
disco que teve grande sucesso.
No
teatro estreia-se tarde, só em Setembro de 2003, com “Petits Crimes Conjugaux”,
de Eric-Emmanuel Schmitt, no “Theatre Eduoard VII”, em Paris. Ao lado de
Bernard Giraudeau, numa encenação de Bernard Murat. Em 26 de Maio de 2004, no
mesmo teatro, lê "A Queda da Casa Usher” e “A Máscara da Morte Vermelha”,
duas novelas de Edgar Allan Poe. E “Notes de Lecture”, acompanhada pela
“Musique Obliqúe”, com música de Jean-Sébastien Bach e André Caplet.
Ainda
nesse ano, aparece entre Junho e Setembro, no “National Theatre”, em Londres,
integrando o elenco de “The False Servant” de Pierre Marivaux, numa nova versão
de Martin Crimp, com encenação de Jonathan Kent. Interpreta ainda, em 2007, em
França, uma encenação de “A Dança da Morte”, de August Strindberg, no “Theatre
Madelaine”, em Paris, ao lado de Bernard Verley. No Festival de Teatro de
Almada, 2010, Charlotte Rampling apresenta "Yourcenar/Cavafy" um
recital de textos e poemas, respectivamente de Marguerite Yourcenar e
Konstantin Kavafy.
Como actriz / Cinema: 1964: The Knack …
and How to Get It (Lições de Sedução), de Richard Lester; 1965: Rotten to the
Core, de John Boulting; 1966: Georgy Girl, de Silvio Narizzano; Strangers, da
série de TV "Five More", de John Irvin (TV); 1967: The Long Duel
(Duelo sem Tréguas), de Ken Annakin; The Superlative Seven, série de TV
"The Avengers", de Sidney Hayers; The Mystery of Cader Ifan, da série
de TV "Sir Arthur Conan Doyle", de Peter Sasdy; The Fantasist, da
série de TV "Theatre 625", de Peter Hammond; 1968: Sequestro di
Persona, de Gianfranco Mingozzi; 1969: La Caduta degli dei (Os Malditos), de
Luchino Visconti; Target: Harry ou What's in It for Harry?, de Roger Corman;
Three, de James Salter; 1971: Vanishing Point (Corrida Contra o Destino), de
Richard C. Sarafian; The Ski Bum, de Bruce D. Clark; Henry VIII and His Six
Wives, de Waris Hussein; Addio fratello crudele (Adeus, Irmão Cruel), de
Giuseppe Patroni Griffi; 1972: Asylum, ou House of Crazies (Lua Vermelha), de
Roy Ward Baker; Corky, de Leonard Horn; Zinotchka, de Christopher Miles (TV);
1973: Giordano Bruno (Giordano Bruno), de Giuliano Montaldo; 1974: Caravan to
Vaccares (Caravana para a Aventura), de Geoffrey Reeve; Zardoz (Zardoz), de John
Boorman; Il Portiere di notte (O Porteiro da Noite), de Liliana Cavani; 1975:
Yuppi du (Yuppi Du), de Adriano Celentano; Foxtrot (Foxtrot), de Arturo
Ripstein; Farewell, My Lovely (O Último dos Duros), de Dick Richards; La Chair
de l'orchidée (A Rapariga da Orquídea), de Patrice Chéreau; 1976: Sherlock
Holmes in New York (Sherlock Holmes em Nova Iorque), de Boris Sagal (TV); 1977:
Un Taxi Mauve ou A Purple Taxi (Um Táxi Cor de Malva), de Yves Boisset; Orca –
The Killer Whale (Orca, a Fúria dos Mares), de Michael Anderson; 1980: Stardust
Memories (Recordações), de Woody Allen; 1982: The Verdict (O Veredicto), de
Sidney Lumet; 1983: BBC Play of the Month (TV); 1984: Viva la vie, de Claude
Lelouch; 1985: On Ne Meurt Que Deux Fois (Só se Morre Duas Vezes), de Jacques
Deray; 1986: Max mon amour (Max, Meu Amor), de Nagisa Ōshima; 1987: Mascara
(Máscara), de Patrick Conrad; Angel Heart (Angel Heart - Nas Portas do
Inferno), de Alan Parker; 1988: Paris by Night (Uma Chamada a Meio da Noite),
de David Hare; 1990: Rebus, de Massimo Guglielmi; D.O.A. (Morto à Chegada), de
Rocky Morto; 1992: La femme abandonnée, de Edouard Molinaro; Hammers over the
anvil, de Ann Turner; 1993: Asphalt Tango, de Nae Caranfil; 1994: Murder in
mind, de Robert Bierman; Time Is Money de Paolo Barzman; 1995: Radetzkymarsch,
de Axel Corti, Gernot Roll; 1996: Invasion of Privacy), de Anthony Hickox;
1997: The Wings of the Dove (As Asas do Amor), de Iain Softley; 1999: The
Cherry Orchard, de Michael Cacoyannis; Signs & Wonders, de Jonathan Nossiter;
1999: Great Expectations (Grandes Esperanças), de Julian Jarrold (TV); 2000:
Superstition, de Kenneth Hope; Aberdeen, de Hans Petter Moland; Sous le sable
(Sob a Areia), de François Ozon; 2001: The fourth angel (O Quarto Anjo), de
John Irvin; 2001: Spy Game (Jogo de Espiões), de Tony Scott; 2002: Embrassez
qui vous voudrez (Amor Sem Tréguas), de Michel Blanc; 2003: I’ll sleep when I’m
dead (Só a Morte me Pode Parar), de Mike Hodges; Imperium: Augustus, de Roger
Young; Swimming Pool (Swimming Pool), de François Ozon; The Statement (A
Declaração), de Norman Jewison; 2004: Le Chiavi di Casa (As Chaves de Casa), de
Gianni Amelio; Immortal – New York 2095, de Enki Bilal; 2005: Vers le Sud (Para
o Sul), de Laurent Cantet; Lemming, de Dominik Moll; 2006: Désaccord parfait
(Desacordo Perfeito), de Antoine de Caunes; 2006: Basic Instinct 2 (Instinto
Básico, 2), de Michael Caton-Jones; 2007: Angel (Angel - Encanto e Sedução), de
François Ozon; Caótica Ana (Caótica Ana), de Julio Médem; 2008: Deception (No
Limite da Ilusão), de Marcel Langenegger; Sonnet, de Boris Zabotov; Babylon
A.D. (Babylon A.D), de Mathieu Kassovitz; The Duchess (A Duquesa), de Saul
Dibb; 2009: Le bal des actrices, de Maïwenn Le Besco; Quelque chose à te dire,
de Cecile Telerman; Boogie Woogie, de Duncan Ward; La femme invisible (d'après
une histoire vraie), de Agathe Teyssier; Life During Wartime (A Vida em Tempo
de Guerra), de Todd Solondz; 2010: StreetDance 3D, de Max Giwa, Dania Pasquini;
Never Let Me Go (Nunca Me Deixes), de Mark Romanek; Le grand restaurante, de
Gérard Pullicino (TV); Rio Sex Comedy, de Jonathan Nossiter; Collection Fred
Vargas (TV); 2011: Melancholia (Melancolia), de Lars von Trier; Młyn i krzyż (O
Moinho e a Cruz), de Lech Majewski; 2012: I, Anna, de Barnaby Southcombe; The Eye
of the Storm (O Coração da Tempestade), de Fred Schepisi; Cleanskin, de Hadi
Hajaig; Ghost Recon: Alpha , de François Alaux, Hervé de Crécy; Restless, de
Edward Hall; Tutto parla di te, de Alina Marazzi; 2013: Night Train to Lisbon
(O Comboio Nocturno pra Lisboa), de Bille August; Jeune et Jolie (Jovem e
Bela), de François Ozon; Dexter (TV); The Sea, de Stephen Brown; 2014; Le dos
rouge, de Antoine Barraud; The Forbidden Room, de Guy Maddin, Evan Johnson;
2015: 45 Years, de Andrew Haigh; Broadchurch, de Chris Chibnall (TV); London
Spy (TV); Händel, de Franco Battiato; The Whale, de Andrea Pallaoro; Seances,
de Guy Maddin.
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